A Infância não tem pressa - Os perigos da adultização
- Marcia Arroyo
- 12 de set.
- 3 min de leitura

A infância é uma fase crucial para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo. No entanto, vivemos em uma sociedade que, muitas vezes, acelera esse processo, impondo responsabilidades e preocupações de adultos em crianças. Esse fenômeno, conhecido como adultização, rouba dos pequenos o direito de viver plenamente a infância.
É fácil notar os sinais: roupas e maquiagens precoces, a pressão por um desempenho acadêmico impecável e até mesmo a sobrecarga de atividades extracurriculares. A intenção dos pais pode ser nobre, mas essa pressa em "preparar" a criança para o futuro pode gerar um adulto inseguro e com dificuldades de lidar com as frustrações da vida.
O preço de uma infância roubada
Em uma tentativa de oferecer o "melhor" para nossos filhos, acabamos presos em uma visão limitada da infância. Muitas vezes, pensamos: "preciso dar ao meu filho tudo o que eu não tive quando era criança". Sem perceber, lotamos a agenda deles com tudo o que gostam e precisam, enquanto trabalhamos cada vez mais para proporcionar mais oportunidades.
Embora essa atitude seja nobre, não podemos reduzir as necessidades de um ser humano a bens materiais. Seu filho precisa do seu tempo, do seu amor, do seu carinho e da sua atenção. Ele precisa ouvir que, independentemente da nota escolar, ele tem valor. Que é importante para você saber o que ele gosta. Ele precisa da confirmação constante de que tem apoio para fazer o que for necessário, o que não significa estar fisicamente com ele o tempo todo, mas sim dedicar um tempo de qualidade sempre que possível.
A adultização se manifesta em cobranças sutis. Frases como "essa criança é muito crescida" podem parecer inofensivas, mas para a criança, podem se tornar um requisito para receber afeto. Quando ela sente que precisa "deixar de ser criança" para ser elogiada, sua autoestima é afetada. A pressão por resultados e responsabilidades que a idade ainda não suporta pode levar a problemas graves como ansiedade, depressão e baixa autoestima. Crianças precisam de espaço para explorar sua criatividade, brincar sem pressa e desenvolver habilidades emocionais essenciais.
Como combater a adultização na prática
Mas como podemos desacelerar e permitir que a infância floresça em casa? Combater a adultização pode ser mais simples do que parece. Algumas atitudes do dia a dia podem fazer toda a diferença:
Permita que seu filho escolha suas próprias roupas: Deixe que ele expresse sua personalidade e desenvolva seus próprios gostos. Incentivar a independência através de atitudes simples, como escolher as próprias roupas ou penteados, ajuda a criança a desenvolver seus gostos pessoais e a comunicar seus desejos de forma saudável.
Incentive o tempo livre para brincadeiras não estruturadas: Sua criança não precisa de redes sociais para se divertir. Ofereça brincadeiras fora das telas – desenhar, colorir, inventar uma história ou qualquer outra atividade que permita a ela desenvolver a criatividade tão presente nesta idade.
Celebre as pequenas conquistas: O que fazemos todos os dias pode ser um grande desafio para seu filho. Comemorar pequenos avanços, como amarrar o cadarço sozinho, construir um castelo de areia ou até ir ao banheiro, ajuda a moldar uma autoestima sólida, tão necessária para eles e para nós também!
Lembre-se, o objetivo não é ter um relacionamento perfeito, mas construir um vínculo sólido e verdadeiro. Esse processo lento e gradual, quando nutrido desde a primeira infância, renderá frutos que durarão a vida toda. Seu filho não precisa do seu tempo por completo, ele precisa de você presente nas fases mais importantes da vida. Ele precisa saber que você está lá para ser o apoio durante os momentos difíceis — mesmo que seja somente por um brinquedo perdido.
Se você se identificou com este texto e sente que a adultização está pesando em sua rotina, saiba que você não está sozinho(a). A orientação parental é um caminho para te ajudar a entender as necessidades do seu filho e construir uma infância mais saudável e feliz.
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